domingo, 17 de junho de 2012

Socorro





Como uma atividade sonolenta, você acorda. Mesmo que não queira, você acorda. É impossível dormir a vida inteira. Luta contra seus epitáfios e levanta com suas pernas que as varias outras pessoas acordam pensando em tê-las. Resmunga uma palavra que tentou produzir, mas são em vão as forças, elas se destroem quando a raiva toma conta. Sai de casa perturbado contra o tempo. Chegar atrasado é sinônimo de incompetência, desconhece que o tempo é maior com paciência. Sorri com falsidade ao vizinho, mas ignora o mendigo, que, profanando suas palavras pede socorro. A luz se esvai, e a noite chega, tomando conta da cidade que se move cada vez mais lenta. O transito para, você resmunga. O transito anda, você pede mais rápido. Buzinas. Acidentes. Você acorda. Acorda em um mundo paralelo e nunca visto antes. Só o que existe é a imagem de um homem sujo, com roupas rasgadas pedindo socorro. Você morreu, e nem teve a chance dar desculpas, dar socorro.



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Pessoas que não tem borrachas.