Acabei me acostumando com o silencio da noite, e passei a
desligar o rádio que costumeiramente sempre deixava ligado para dormir. Eu me
achava mais confortável e assim, ouvindo músicas que me faziam relaxar,
conseguia dormir mais tranqüila. Mas as coisas mudam. Agora até o rádio
desapareceu do canto do meu quarto, não que eu tenha sumido com ele, mas só
deixei de usá-lo como sempre o fazia.
Toda noite faço as mesmas coisas no silêncio: Fecho a cortina, apago a
luz, e finalmente me jogo na cama. É ritual, e claro, de praxe, os pensamentos,
lembranças e recordações do dia. Soube por mim mesma que estava me espionando
no passado, eu sabia que aquilo seria bem ilusionário, mas continuei com os
olhos fechados pra sentir algo que não podia ter. Consegui sorrir ao ver alguém
sorrindo pra mim, todo bobo e sem jeito. O mesmo alguém que eu passara o dia
lembrando de seu abraço. Um alguém que tinha olhos verdes escuros, e que não
tirava-os de mim. Ah, como eu queria aquilo naquele momento. Esse alguém que me
fez fechar os olhos pra imaginar tudo outra vez, e me pegar suspirando quando
me lembrei do seu toque a cada centímetro da minha pele, fazendo deslizar até
meu pescoço e de lá, se aproximar, até tocar seus lábios nos meus. E eu sorrir
outra vez. Até pegar no sono com o silêncio da paixão se exaltando sobre mim.
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Pessoas que não tem borrachas.