quinta-feira, 15 de março de 2012

Revolta de si.




Fiquei presa por tanto tempo em uma cela invisível que só a emoção sabia sentir. Toda noite eu esperava o momento certo de apagar as luzes e fechar as cortinas, porque eu sabia que tinha que fugir daquela rotina. Mas com o tempo, apagar as luzes e fechar as cortinas virou rotina. Tive que mudar, trocar os lençóis e mudar a decoração. O tom da parede passou de branco para verde, e fui aprimorando as técnicas para dormir mais rápido. Deitava na cama e pensava em tudo o que era lúcido e cheiroso, passavam alguns segundo e eu era obrigada a ignorar as coceiras que instantemente meu cérebro produzia, tive que ficar parada também, ao invés de mexer meu corpo que tanto tinha vontade de trocar de lugar. Meus olhos se mexiam de um lado para o outro, mesmo que fechados, mas tive que pará-los. Inconscientemente ignorava tudo para poder dormir, mas nada disso tinha mais efeito, caí na rotina. Tentei mudar e ouvir som toda noite antes de ir para a cama. Ouvia orquestras sinfônicas com horas de duração, durante isso, meditava sentada pensando no nada. Não é que não houvesse nada, mas sempre que tentava fazê-lo, aparecia uma imagem branca com um sorriso ao meio. Nunca entendi. Talvez uma luz. Não sei, posso ter me confundido. Caí na cama e relaxei meus músculos. Dormi. Até que o sono tivesse se tornado rotineiro.

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Pessoas que não tem borrachas.