quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Metatexto.






Tomei notas em um rodapé de uma folha qualquer porque não me restava mais tempo sequer - aquele tempo ínfimo que prestigiei posterior ao café preto, e que me deixou deveras alerta e subitamente cansada ainda que desperta. 
As notas versavam sobre algo qualquer sobre o ser, a existência, ou a árvore seca no meio de um pátio florido; essas coisas que mudam de era em era e são mais subversivas que qualquer outra que possamos imaginar. Mas de um modo notório e quase imperceptível, as notas viraram frases sobrepostas e transversas umas às outras, de modo que não podia mais controla-las - será o efeito da cafeína?, pensei que pudessem ser marionetes de imaginação, qualquer coisa surreal, mas depois veio um sentimento áspero que me dizia que elas eram puras. Abro um parênteses aqui: que palavra surgiria assim precitadamente essas horas da noite, sendo ela pura, sendo que eu, que sou o portador dela, não tenho essa qualidade? Fingiria eu ser alguém que não sou? Fazia eu parte de um teatro mental ou espiritual?
Não sei.
Fiz questão de acabar logo.
Quando vi, as notas do rodapé já estavam virando de página pela segunda vez, e no final dela, quando já cansada de escrever, li algo sobre incertezas. 
A partir daí a nota teve um título, mas nunca consegui pôr um ponto final, afinal, a certeza e pureza não vieram me abraçar.
Paralelamente, esta, não tem título.

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